quarta-feira, 25 de novembro de 2009

hospedagem natureza

Como se tornar uma Hospedagem mais harmônica com meio ambiente .

“É mais lucrativo trabalhar com e a favor da natureza do que contra ela”
auto desconhecido

Muito se tem visto novas e infinitas construções no Litoral Norte da Bahia , consequência do crescimento turístico.

A Costa dos Coqueiros , Área de Proteção Ambiental ( APA) desde 1992 , e atualmente resguardada na área marinha por outra APA , vem sendo ocupada por inúmeros condomínios, hotéis, Pousadas e todos os tipos de empreendimentos voltados ao impulso que os recursos naturais ainda protegidos, mas vulneráveis, têm atraído para região .

Sua geografia plana , uma estrada segura , em grande parte duplicada , a facilidade de acesso à capital Salvador tem feito ser o foco do Programa de Desenvolvimento Turístico ( PRODETUR) incentivando novos negócios hoteleiros nesta região que se não cuidarmos agora , estará fragilizada em 20 anos .

A hotelaria no mundo sempre se encantou em Megas projetos com prédios e edifícios simulando ao público algo parecido com as grandes cidades. Se no entanto criar turismo é criar diferenciais , por quê construir prédios em meio a vegetação litorânea , impactada há séculos pela ocupação portuguesa em 1500 e agora por novos empreendimentos em muitos casos não criteriosos?

Deveriam os investidores fazerem algumas perguntas : Será que teremos água suficiente para abastecer estas “ cidades turísticas construídas e planejadas” para atender 3000 leitos? Como nos sustentaremos a longo prazo se houver saturação do local devido a febre inicial de destinações turísticas? Seremos nós estes futuros fantasmas de concreto ? Qual é a taxa real de empregabilidade nos 12 meses do ano , sendo que no Brasil /Nordeste ainda o turismo é sazonal ?

Para se criar a diferença viriam como forma sustentável de construção para o Litoral Norte não mais mega prédios e sim ecolodges que na Língua Portuguesa significam Ecoalojamentos . Hospedar com natureza conservada!

Os Ecoalojamentos seriam Eco hospedagens ( Resorts e Pousadas ) voltados a uma economia no planejamento tanto de materiais a serem utilizados na construção , quanto materiais e procedimentos na operacionalização que garantam competitividade, lucratividade ( razão de ser de empresas ) , baixo custo de manutenção , uso de energia alternativa ( solar, eólica) , reciclagem de nutrientes , redução de consumo , mentalidade afinada com a natureza desde o engenheiro e proprietários até o corpo de colaboradores . Onde tudo flui para garantir a qualidade de excelência nos serviços de forma mais aproximada com os recursos naturais , onde a preferência não é chão batido e concretado , mas passadiços com madeira certificadas ou de florestamentos , para assegurar ao solo conservação de porosidade, absorção de água, fauna e flora , onde bangalôs e material renovável regional predominam e incentivam projetos de recuperação de áreas degradadas .

Oficinas , palestras , projeção de recursos visuais , atividades educacionais , gastronomia local, silêncio, atração para os pássaros , menor impacto possível nas águas, nos solos e nas florestas .

Na África , estas eco hospedagens são locadas nas savanas aproximando os hóspedes que pagam punhados de centenas de dólares pernoite, para acordar na madrugada em meio a arquitetura local , um tanto luxuosa , para aguçar a audição com um rugido de uma fêmea de leão faminta por gazelas ou gnus apreciando o melhor vinho do mundo em taças de cristal .Os colaboradores ? Africanos hospitaleiros , bilíngues e ainda guarda-parques!

Nas Ilhas Virgens Americanas, especificamente Saint John , que é um Parque Nacional , possui um dos mais sustentáveis lodges ( inglês quer dizer abrigo) , o Maho Bay Camp com Painel e forno solares , comida típica da ilha , apesar de um pouco americanizada , coleta seletiva, agricultura orgânica , computadores para estudar o custo benefício de todo o Camping em termos de água e energia elétrica . Reciclagem de esgoto e composteiras de adubo fazem parte do Plano Mestre . Toda a construção usa madeira industrialmente reciclada de Tetrapack , geladeiras a gás e chuveiros com controle para evitar desperdício de água . Isto tudo em frente ao mar cintilante do Caribe , um dos bons mares para mergulho autônomo , onde paredões de corais são visitados por golfinhos e tartarugas marinhas . Este lugar uni Descanso, Lazer e Educação , o fundamento dos ecoalojamentos !

É possível compartilhar tradição e tecnologias , desenvolvimento e sustentação a longo prazo. È só ver do ângulo que é possível realizar e fazer acordos com cadeias internacionais que se adequem a NOSSA REALIDADE BRASILEIRA( não nos aspectos que perturbam a sociedade, mas nos aspectos geográficos) . A realidade de nossa paisagem. Pensando nisso , lembrei do Canadá , pois na cidade de Quebéc , o MacDonalds só poderia criar sua filial se seguisse os padrões “ medievais de construção” . Senão , nada feito !

É assim que tem funcionado em Praia do Forte . A Instituição local – Fundação Garcia D´Ávila criada em 1981 vem monitorando e adequando A lei de Uso e Ocupação do Solo( iniciativa privada ) para regulamentar construções , onde cada coqueiro que realmente precisa ser retirado planta-se quatro para reintegrar paisagismo. Cada 50m2 de construção planta-se mais um coqueiro. As casas seguem um padrão sofisticado colonial . Plantas de restinga são obrigatórias sobre as areias dos lotes . Praia do Forte cresceu ! Sem sombra de dúvidas, mas ainda com muita sombra e água de coco, conservando muitas reservas ao redor da área planejada para crescimento .

Alguns princípios de Ocupação do Solo Sustentável

• Utilizar o que existe.
• Manter e salvar, não cortar e desintegrar a paisagem.
• Conservar a paisagem manejada .
• Preservar natureza e história.
• Casar beleza com utilidade.
• Enfatizar simplicidade e naturalismo
• A estrutura deverá estar compatível com a vida silvestre.
• A estrutura e funcionamento deverão não poluir. Evitar qualquer tipo de poluente, identificá-lo previamente , diagnosticá-lo, e , tratá-lo.
• Em região insular, não terá acesso a veículos. ( Belize, outro país da América Central – tem apenas carros de golfe circulando em pequenas Ilhas de corais )
• Evitar processos de erosão.
• Envolver uma restauração cultural e ambiental

IN LOCO
Se você for construir ou ocupar pense em seus netos e filhos ,
pense também em viver o presente , mas de forma sustentável.

Na Praia do Forte Procure a Fundação Garcia D´Ávila para saber maiores detalhes sobre a Lei de Uso e Ocupação de solo e diretrizes urbanísticas .
Procure o Centro de Recursos Ambientais da Bahia ( CRA ) para estar ciente das licenças ambientais ou CONDER (Companhia de Desenvolvimento Urbano) , pois se tratando de Área de Proteção Ambiental, existe uma legislação vigente que regulamenta qualquer tipo e tamanho de empreendimento .
Evite construir sem orientação legal .
Proteja os mananciais , evite desmatamentos e fogo
Conserve a paisagem e suas tradições culturais

Atenciosamente,

Carla Sabiá
Bióloga – Ecoturismo & Educação Ambiental
CRB18187/05

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